Atonia Uterina
OBSTETRÍCIA
Atonia uterina é uma condição em que o útero não consegue se contrair efetivamente após o parto
É uma das principais causas de hemorragia pós-parto (HPP), que é uma grande emergência obstétrica. Normalmente, após a expulsão da placenta, os músculos uterinos se contraem para comprimir os vasos sanguíneos e controlar o sangramento. Na atonia uterina, essa contração é inadequada, levando a sangramento excessivo.
Causas e Fatores de Risco
Hiperdistensão do útero:
Gravidez múltipla (gêmeos, trigêmeos)
Polidrâmnio (excesso de líquido amniótico)
Bebê grande (macrossomia)
Trabalho de parto prolongado ou precipitado:
O trabalho de parto muito longo ou muito curto pode esgotar os músculos uterinos.
Uso de ocitocina:
Uso excessivo ou inadequado de ocitocina durante o trabalho de parto.
Infecção ou inflamação:
Corioamnionite ou endometrite.
Anestesia:
Especialmente anestésicos halogenados, que podem relaxar os músculos uterinos.
Tratamento da Atonia uterina
O tratamento da atonia uterina tem como objetivo restaurar as contrações do útero para controlar o sangramento e prevenir complicações graves. Ele é geralmente realizado em etapas, de acordo com a gravidade do caso:
1. Medidas iniciais:
Massagem uterina: Consiste em comprimir e massagear o útero através do abdômen para estimular as contrações.
Compressão bimanual: O médico utiliza uma mão dentro da vagina e a outra sobre o abdômen para comprimir o útero, auxiliando na contenção do sangramento.
2. Uso de medicamentos uterotônicos:
Ocitocina (Syntocinon): Administrada por via intravenosa ou intramuscular para estimular contrações uterinas.
Misoprostol: Um medicamento oral ou vaginal usado para ajudar na contração do útero.
Ergometrina: Um agente que promove contrações, geralmente usado com cautela em mulheres com hipertensão.
Carboprost: Uma prostaglandina que pode ser usada em casos mais graves, embora tenha efeitos colaterais.
3. Controle de volume e estabilização:
Reposição de líquidos e sangue por meio de transfusões para corrigir a perda de sangue e estabilizar o paciente.
4. Intervenções mecânicas ou cirúrgicas (se necessário):
Balão de tamponamento intrauterino: Um balão é inserido no útero e inflado para comprimir os vasos sanguíneos.
Suturas compressivas: Procedimentos cirúrgicos que aplicam pontos específicos no útero para controlar o sangramento.
Ligadura arterial: Amarrar artérias que suprem o útero para reduzir o fluxo sanguíneo.
Histerectomia: Em casos extremos, quando outros métodos falham, pode ser necessária a remoção do útero para salvar a vida da paciente.
5. Suporte pós-tratamento:
Monitoramento contínuo para garantir que o sangramento tenha cessado e que o útero permaneça contraído.
Tratamento de anemia ou outras complicações decorrentes da hemorragia.
A escolha do tratamento depende da gravidade da atonia uterina, do estado clínico da paciente e dos recursos disponíveis. O manejo deve ser imediato e realizado por uma equipe especializada, muitas vezes em ambiente hospitalar.